30.10.06

desigual

sou bastarda do amor
pago o preço da verdade

[manuela amaral]

15.10.06

Moska

ela entra no banho.

e a água a percorre como as palavras dele: habitando cada canto do seu corpo.

ela sai do banho. se seca.
e envolta pela toalha de algodão branca, ouve sua voz.
seu corpo implora por um cigarro.

ele continua.
como se sussurrasse em seus ouvidos as palavras mais cheias de sentido que já ouvira.
ela acende o cigarro e joga a toalha sobre a cama.
caminha por entre os cômodos e móveis completamente nua.
e a cada trago, ela sente aquela voz a consumindo num misto de desejo e compreensão.

pára na porta do quarto.
prolonga o trago: ele fala com ela.
ela veste a calcinha branca.
vai até o banheiro e se olha no espelho.
a voz dele faz curvas em seus seios nus até o umbigo.
e ela sorri.

apaga o cigarro.
o cd acabou.

14.10.06



você começa devasso e de repente dá coração mole.

13.10.06

pegue suas certezas e dê o fora daqui.

12.10.06

despeço-me

escolho a trilha sonora:
as três músicas no repeat.

e a cada refrão repetido,
repetido e repetido,
lateja em mim
aquela última cena:

as três músicas no repeat.
você, adormecido.
eu, com lágrima e sorriso no rosto,
me despedindo.

desapego

só sinto vergonha
quando sinto
que a lágrima
vem.

vem a memória.
vem a saudade.
vem o amor que resta.
vem a mágoa.
vem a dor.

e a lágrima vem.

e sinto vergonha.
como se você ainda
me observasse.

ainda,
apegada.

5.10.06

state of emergency

o mundo despencou sobre minha cabeça.
e quando acho que acabou,
logo,
cai outro pedaço.

slow like honey

macarrão com muito alho.
e muito azeite.
muito mesmo.

uma cerveja gelada pra acompanhar.
porque, nessa noite, poucas coisas me acompanham.
uma antarctica.

por fim, um cigarro.
na janela, a chuva e a rua deserta de pessoas de açúcar.

e um pensamento percorrendo tudo:
prefiro minha solidão à sua.

4.10.06

desculpe...

ainda não me acostumei com a solidão.

2.10.06

dos superpoderes. de parar o tempo ou do derretimento.

depois de ter você,
pra que querer saber
que horas são?

se é noite ou faz calor
se estamos no verão
se o sol virá ou não

depois de ter você,
poetas para que?

os deuses, as dúvidas
para que amendoeiras pelas ruas?
para que servem as ruas?

[cantada - a. c.]

me desfaço. e refaço.

talvez porque você não esteja
tudo lateja

talvez por sua ausência
tudo derreta

noite sem ninguém
nada se mexe

eu sonho nosso amor a sério
e você em outro hemisfério

[calor - a. c.]

fato e promessa

entre nós
o desejo

entre nós
nosso tempo

não vá me deixar
sem seu beijo

se tudo o que há
não é muito mais
do que o momento

quanto mais
eu te quero
mais sei esperar
eu espero

[eu espero - a. c.]

conserto

eis aqui
bicicleta,
planta,
céu,
estante,
cama
e eu
logo
estará
tudo
no seu
lugar.

[pelos ares - a. c.]

1.10.06



a
poeira
faz
casa
nos
cantos
mais
solitários.