A voz, clamando pelo último beijo.
O corpo, obedecendo.
A mão direita, segurava um cigarro, e deslizava pelas costas não tão largas assim.
A outra mão direita, posta no pequeno espaço de pele nua, entre a blusa e a saia.
E entre os cachos negros e a barba no queixo, passeava a mão esquerda.
A outra, agarrava com força e sutileza a nuca quase nua, não fossem os cabelos.
Os lábios grossos traziam no toque a certeza do último beijo, e era, por isso, intenso e forte, como quem não quisesse perder (jamais!) aquele raro sentimento.
A outra boca dava seus beijos com suavidade, carinho e lentidão. Com uma lágrima esperançosa de que aquele amor nunca partiria.
Finalizou seu beijo percorrendo o espaço do pescoço ao ombro, beirando o seio, que vestia só uma blusa de finíssima alça.
Enquanto isso, a outra despedida se fazia com os lábios e respiração sobre aquele pescoço de poucos pêlos. (pêlos de garoto ainda).
E depois de findo o último beijo, ele partiu.
E visto que tudo voltaria a ser o mesmo de antes, ela começou a tremer.
E ao olhar pra trás, o viu já longe, em passos firmes, certo de sua partida.
Deu mais um trago no seu cigarro.
E quando acordou, viu que o último beijo ainda nem tinha acontecido.