31.3.05

Morte em vida

Então, a morte deve ser assim:
sem nenhuma lembrança viva.


(porque, se tudo vai embora, só nos resta a lembrança. E na morte, já não resta nada. *ou resta?* Viver sem lembranças é viver a morte. É ser um morto- vivo que vai viver duas mortes, sendo uma delas, em vida.)

22.3.05

Lenda

E depois de descoberto enfermo,
o espírito foi internado.
Mas, o corpo,
continuou a vagar por aí.

18.3.05

Pertencimento

Nada tenho.
Estou à par daquilo que chamam pertencimento.
Não tenho paz.
Não tenho amor.
Não tenho dor.
Não tenho.
Nada tenho.
Ou...
Tenho nada?
Então, só o nada tenho.
Porque o beijo, o carinho, a poesia e a saudade, já não tenho.
O nada? Tenho.
O nada me pertence?
Não.
Desconheço o pertencimento.
Pertenço ao nada.
Nada tenho.

15.3.05

Brasília

Eu odeio a (merda da) desigualdade social (dessa cidade).

14.3.05

Relendo emails...

"então ele te conheceu e, sem demagogias, ele estava muito feliz... "

11.3.05

Sonho bom...

A voz, clamando pelo último beijo.
O corpo, obedecendo.
A mão direita, segurava um cigarro, e deslizava pelas costas não tão largas assim.
A outra mão direita, posta no pequeno espaço de pele nua, entre a blusa e a saia.
E entre os cachos negros e a barba no queixo, passeava a mão esquerda.
A outra, agarrava com força e sutileza a nuca quase nua, não fossem os cabelos.
Os lábios grossos traziam no toque a certeza do último beijo, e era, por isso, intenso e forte, como quem não quisesse perder (jamais!) aquele raro sentimento.
A outra boca dava seus beijos com suavidade, carinho e lentidão. Com uma lágrima esperançosa de que aquele amor nunca partiria.
Finalizou seu beijo percorrendo o espaço do pescoço ao ombro, beirando o seio, que vestia só uma blusa de finíssima alça.
Enquanto isso, a outra despedida se fazia com os lábios e respiração sobre aquele pescoço de poucos pêlos. (pêlos de garoto ainda).
E depois de findo o último beijo, ele partiu.
E visto que tudo voltaria a ser o mesmo de antes, ela começou a tremer.
E ao olhar pra trás, o viu já longe, em passos firmes, certo de sua partida.
Deu mais um trago no seu cigarro.
E quando acordou, viu que o último beijo ainda nem tinha acontecido.

9.3.05

Definição

.:.
Porque, depois de você,
os outros foram só
tentativas de te esquecer.
.:.

De volta de SP...

E de fato,
sou isso que nunca foi.

O que nunca
poderia ter sido
E o que não será
É o que completa
A minha falta.
(de mim mesma)

O preenchimento
é impossível.
E o não-saber,
infinito.
Arrependimento?
Nenhum.

Lembro do que fiz,
e tento esquecer
o não-feito.
E o que poderia ter sido,
só deus (não-existente) sabe!

E assim me completo:
com esse vazio,
cheio de nostalgia.